
Fernando Fernandes, atleta, apresentador e símbolo de superação no Brasil, viveu recentemente um dos momentos mais marcantes desde o acidente que o deixou paraplégico há mais de uma década. Pela primeira vez, ele voltou a ficar de pé e a dar passos, graças ao uso de um exoesqueleto robótico de última geração. A experiência não apenas emocionou o próprio Fernando, mas também trouxe à tona um novo propósito: tornar essa tecnologia acessível a mais pessoas no país.
O equipamento, desenvolvido para ajudar pessoas com lesões medulares a recuperar movimentos de marcha, é um verdadeiro avanço da engenharia biomédica. Controlado por comandos eletrônicos que simulam os movimentos naturais das pernas, o exoesqueleto permite ao usuário andar, ainda que sem o retorno da sensibilidade nos membros inferiores. Para Fernando, o impacto foi não só físico, mas também emocional. Estar novamente na posição ereta, sentir o corpo movimentando-se de forma autônoma, trouxe uma sensação que ele descreve como um “renascimento”.
Por trás da conquista, no entanto, está uma realidade dura. O custo de aquisição de um exoesqueleto pode ultrapassar a casa de um milhão de reais, tornando o acesso praticamente inviável para a maioria das pessoas com deficiência motora no Brasil. Além do valor elevado, as sessões de fisioterapia assistida com o equipamento também exigem investimentos contínuos, já que o processo de adaptação e treinamento é complexo e prolongado.
Apesar das dificuldades, algumas clínicas especializadas em grandes centros urbanos começaram a oferecer sessões experimentais. Em paralelo, universidades brasileiras investem em projetos de pesquisa para desenvolver versões mais acessíveis do equipamento, com o objetivo de reduzir custos e ampliar a oferta. A produção nacional de exoesqueletos ainda é um desafio, mas o avanço tecnológico e o crescimento de startups voltadas à saúde indicam que esse cenário pode mudar nos próximos anos.
Fernando Fernandes, ao vivenciar pessoalmente o potencial transformador do exoesqueleto, decidiu usar sua visibilidade para ampliar o debate sobre inclusão tecnológica. Ele afirma que seu objetivo é trabalhar junto a instituições de saúde, empresas e órgãos governamentais para encontrar caminhos que viabilizem a chegada dessa tecnologia a hospitais públicos, clínicas de reabilitação e até mesmo ao Sistema Único de Saúde.
A experiência de Fernando reacende a esperança de milhares de pessoas com mobilidade reduzida que acompanham sua trajetória de perto. Mais do que um gesto simbólico, o ato de voltar a caminhar representa o início de uma nova missão: quebrar barreiras de acesso e lutar para que outras pessoas também possam um dia dar seus próprios passos.
A história de superação do ex-atleta ganha agora um novo capítulo. Não se trata apenas de reabilitação física, mas de abrir caminho para uma revolução social, em que a tecnologia deixa de ser privilégio de poucos e passa a ser uma oportunidade para muitos.