São Paulo, Florianópolis, Joinville, Brasília e Niterói são as cidades com melhores condições para o empreendedorismo. É o que aponta o Índice de Cidades Empreendedoras (ICE) 2023, divulgado nesta segunda-feira (27) pela Escola Nacional de Administração Pública (ENAP). O ICE mostra que Brasília, Boa Vista (RR) e Aparecida de Goiânia (GO) foram as cidades que mais subiram posições no ranking geral de 2022 para 2023.

A presidente da Enap, Betânia Lemos, destaca a importância do índice. Ela explica que o estudo tem como proposta investigar as condições de empreendedorismo nos 101 municípios mais populosos do Brasil. A presidente afirma que o ICE serve como um guia para que os gestores possam atuar de forma assertiva em melhorias relacionadas ao tema.

“Ele é muito importante para o gestor das cidades identificar quais fatores ele precisa melhorar. Então, ele é um guia para o gestor da cidade que queira melhorar o seu ambiente de negócios, melhorar o seu empreendedorismo, para que ele possa identificar onde especificamente ele precisa atuar. A ENAP tem o papel de criar informações e de criar conhecimento nessa área de gestão”, destaca a presidente.

O ICE analisa o ambiente de negócios a partir de sete dimensões determinantes para o desenvolvimento do empreendedor: ambiente regulatório, infraestrutura, mercado, acesso ao capital, inovação, capital humano e cultura empreendedora.

De acordo com Betânia Lemos, no “ambiente regulatório” são avaliados a complexidade tributária e tributos locais, por exemplo. Na “infraestrutura”, as condições de movimentação urbana. Em “mercado’, um dos fatores avaliados é o desenvolvimento econômico. A quarta dimensão é o “acesso ao capital”, que analisa fontes de financiamento disponíveis para os novos empreendimentos.

O ICE também avalia a “inovação” por meio de uma série de indicadores, dentre eles o tamanho da indústria inovadora. Já o “capital humano” é analisado através da qualificação da mão de obra, por exemplo. E por fim, o levantamento mede a dimensão da “cultura empreendedora”, que é o interesse da população local pelo empreendedorismo.

 

Além de liderar o ranking geral, São Paulo também ocupa a primeira posição nas dimensões infraestrutura e acesso ao capital. O secretário-adjunto de Desenvolvimento Econômico e Trabalho do município, Armando Júnior, afirma que a prefeitura de São Paulo tem uma gama de programas e projetos voltados ao empreendedorismo. Desde os micro e pequenos empresários às grandes empresas que desejam investir na cidade. Armando Júnior cita como exemplo a Agência São Paulo de Desenvolvimento (ADE SAMPA), voltada ao apoio aos pequenos negócios.

“Dentro da ADE SAMPA, os empreendedores aqui da cidade de São Paulo podem ter acesso a todos os atendimentos voltados à abertura do MEI, a como se formalizar, como criar o seu próprio negócio, curso de capacitação empreendedora, onde ele vai poder tirar a ideia do papel e colocar em prática com assessoria profissional dos agentes da ADE SAMPA. Também a gente dispõe de linhas de créditos de até R$ 25 mil operacionalizados via banco do povo do governo do estado para que a gente possa dar essa impulsão econômica nos pequenos negócios de São Paulo”, explica.

Rodrigo Lagreca é empresário na cidade desde 2006, quando fundou a “Home Carbon Energy Solutions”. Em 2021, o empreendedor formalizou sua segunda empresa, a “Energia das Coisas”. Ele afirma que os procedimentos de abertura foram bem diferentes. Enquanto a primeira foi marcada por grandes volumes de documentos em papel, na segunda, todo o processo ocorreu por meios eletrônicos. Para ele, São Paulo tem o melhor ambiente de negócios do país.

“Eu vejo o ambiente de negócios de São Paulo e especificamente da cidade de São Paulo, como o melhor ambiente do Brasil para fazer negócios. Isso é indiscutível na minha concepção. Não que outros ambientes não tenham vantagens ou pontos positivos, mas o ambiente que reúne a maior quantidade de atributos favoráveis é São Paulo. Pela proximidade de mercado, pela proximidade de clientes, pela variedade de ecossistemas impulsionadores e toda a diversidade que o ambiente oferece”, pontua Lagreca.

Florianópolis (SC) lidera nas dimensões inovação e capital humano. Goiânia (GO) tem o melhor ambiente regulatório. Niterói (RJ) tem o melhor desenvolvimento econômico e mais clientes potenciais e ocupa a primeira posição na dimensão mercado. Enquanto Boa Vista (RR) tem a melhor cultura empreendedora. 

 

Cidades que mais subiram posições

Brasília foi a cidade que mais escalou posições no ranking geral: a capital federal saiu do 69º  para o quarto lugar de 2022 para 2023. Em seguida estão Boa Vista (RR), que pulou da 47ª para a sexta posição, e Aparecida de Goiânia (GO) que pulou de 65º para o 35º lugar. De acordo com o ICE, no caso de Brasília, a subida no ranking se deve a melhorias no ambiente regulatório e simplificação burocrática, além de estar em terceiro lugar no ranking de infraestrutura.

Em Boa Vista, destaca-se o interesse das pessoas e das instituições do município pelo empreendedorismo. O que levou a capital de Roraima a um ganho expressivo de posições no ranking geral. Aparecida de Goiânia foi a cidade do interior com maior ascensão, segundo o ICE, devido a melhoria no ambiente regulatório e na cultura empreendedora.