Por trás do brilho das celebridades e do apelo das redes sociais, um novo acessório de beleza vem conquistando olhares curiosos — e críticas — no mundo da estética: a faixa facial anti-papada. Popularizada após ser usada por Kim Kardashian, o item, que promete redefinir o contorno do rosto e combater a flacidez na região do queixo, virou febre entre influenciadoras e consumidores em busca de soluções não invasivas para o envelhecimento facial. Mas será que realmente funciona?
O produto, geralmente confeccionado com tecido elástico e ajustável, envolve a cabeça e o queixo como uma espécie de cinta, pressionando a pele para cima, como se a “segurasse” no lugar. A promessa é ambiciosa: reduzir o acúmulo de gordura sob o queixo, estimular a firmeza da pele e melhorar a circulação local. Tudo isso com uso diário por apenas alguns minutos.
No entanto, especialistas em dermatologia e estética avaliam com cautela os resultados prometidos. Embora a pressão contínua da faixa possa, de fato, causar uma leve compressão da região e promover sensação temporária de firmeza, não há evidências científicas robustas que comprovem uma mudança estrutural ou duradoura apenas com o uso do acessório.
A percepção de melhora pode estar mais relacionada a uma leve drenagem linfática provocada pela compressão do tecido facial, o que reduz o inchaço momentâneo. É um efeito semelhante ao observado após massagens ou tratamentos com rollers faciais. O problema é que o resultado tende a desaparecer poucas horas depois do uso — ou seja, o efeito “lifting” é mais passageiro do que permanente.
Além disso, o uso excessivo ou inadequado da faixa pode trazer desconfortos, como dores de cabeça, pressão nas articulações da mandíbula e até marcas na pele. Em casos mais extremos, pode haver comprometimento da circulação sanguínea se a faixa for apertada demais ou usada por tempo prolongado.
A indústria da beleza, ágil em transformar tendências em produtos virais, aposta na ideia de que o visual de celebridades como Kim Kardashian é alcançável com truques simples e baratos. No entanto, o rosto esculpido que estampa campanhas e stories muitas vezes é resultado de um combo que inclui preenchimentos, laser, harmonização facial e muita edição de imagem. Reduzir esse resultado a uma simples faixa facial pode gerar expectativas irreais e frustração para quem busca mudanças mais profundas.
Ainda assim, o produto encontra público fiel entre aqueles que preferem alternativas não invasivas e têm disciplina para incluir o acessório em sua rotina de autocuidado. Para alguns, o ritual diário de colocar a faixa pode funcionar como um lembrete simbólico de atenção à saúde da pele, funcionando quase como um “placebo estético”.
Enquanto a faixa facial segue seu reinado temporário nos vídeos virais e tutoriais de beleza, a orientação dos especialistas é clara: quem deseja resultados mais significativos e duradouros no contorno do rosto deve buscar avaliação profissional. Afinal, o combate à papada envolve não apenas genética e cuidados com a pele, mas também hábitos alimentares, postura e envelhecimento natural.
Entre o marketing e a ciência, a faixa anti-papada segue dividindo opiniões — mas conquistando espaço no imaginário de quem busca juventude em poucos centímetros de tecido elástico.
