A decisão da Meta, proprietária do Instagram e do Facebook, de descontinuar o programa de checagem de fatos em suas plataformas gerou uma onda de preocupações em diversos países. O anúncio, feito na última terça-feira (7) pelo CEO Mark Zuckerberg, veio acompanhado de críticas aos governos e à mídia, que ele acusou de promover censura.
Reação da União Europeia
A Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia (UE), condenou as declarações de Zuckerberg e ressaltou que as leis do bloco exigem apenas a remoção de conteúdos ilegais. Em resposta, um porta-voz afirmou que a Lei de Serviços Digitais da UE busca proteger crianças e democracias de conteúdos prejudiciais, refutando qualquer acusação de censura.
Zuckerberg, em vídeo publicado no Instagram, criticou a legislação europeia, dizendo que as novas regras estão institucionalizando a censura e dificultando a inovação tecnológica. Apesar disso, a Comissão não rejeitou a proposta da Meta de substituir a checagem de fatos por um modelo de notas da comunidade, que permite aos usuários sinalizar informações enganosas, similar ao recurso adotado no X (antigo Twitter).
França e Austrália Se Manifestam
Na França, o Ministério das Relações Exteriores reforçou a importância de diferenciar liberdade de expressão de viralização de informações não verificadas. “A liberdade de expressão é um direito fundamental, mas não pode ser confundida com a disseminação de conteúdos sem filtro ou moderação que atingem milhões de usuários”, afirmou o órgão.
Na Austrália, o chefe do Departamento do Tesouro classificou a decisão da Meta como “extremamente preocupante” e alertou sobre os impactos da ausência de monitoramento no ambiente digital.
Preocupações no Canadá
O Canadá também demonstrou inquietação com a medida, especialmente em um momento próximo às eleições. Autoridades temem que a ausência de um programa de checagem de fatos nas plataformas da Meta facilite a disseminação de desinformação, o que poderia interferir no processo eleitoral do país.
Impacto Global
A decisão da Meta de encerrar o programa, que atualmente conta com cerca de 80 organizações verificadoras em todo o mundo, marca um ponto crítico nas discussões sobre responsabilidade das plataformas digitais. Governos seguem pressionando a empresa para que equilibre liberdade de expressão e combate à desinformação, enquanto a Meta insiste em buscar novas formas de moderação baseadas na interação dos próprios usuários.